segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Filosofias sobre as origens têm pontos fortes e fracos

Wellington Silva
Deixar claro que tanto o criacionismo quanto o evoluconismo dependem da fé para serem aceitos é o objetivo do biólogo, Wellington Silva - mestre em Genética Humana e doutor em Patologia Molecular - ao lecionar as duas correntes em cursos de graduação na área de Saúde e Teologia. Ao longo de 20 anos de dedicação à controvérsia, Silva considera importante a realização de encontros para aprofundar a discussão já que nas escolas brasilerias o ensino da teoria evolucionista é hegemônico. Diante das muitas questões abertas nesta seara, o professor que é membro da Sociedade Criacionista Brasileira, faz uma crítica contundente à apresentação de um modelo único como sendo o verdadeiro, defende que cientistas podem harmonizar sua fé em Deus como criador e a Ciência e também acredita na possibilidade de evidências científicas que validam o criacionismo.

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É válido promover palestras e conferências sobre as Filosofias das Origens, apesar do debate Evolucionismo X Criacionismo não frequentar a pauta das discussões dos brasileiros como acontece nos Estados Unidos e não fazer parte do conteúdo programático das escolas do país?

W.S: Acredito que a grande diferença esteja no modelo mais descentralizado da educação que existe nos Estados Unidos em relação ao Brasil. Aqui, o MEC estabelece todas as regras para as escolas incluindo o conteúdo que deve serdado por cada professor. Nos Estados Unidos as escolas tem mais autonomia e elas podem produzir os livros para serem trabalhados na sala de aula. Portanto, uma educação mais democrática onde é apresentado para o aluno não apenas um modelo hegemônico para explicar as origens. Por isso acho importante que no Brasil haja mais encontros como este para aprofundarmos mais esta discussão já que nas escolas só temos o ensino da teoria evolucionista.

Quais as principais correntes filosóficas que tentam compreender a origem da vida e do universo?
W.S: É dificil dizer quantas correntes filosóficas existem, mas podemos destacar algumas: uma corrente materialista que procura explicar a origem da vida e sua evolução através de processos naturais, ou seja, as leis naturais seriam capazes de originar a vida na terra. A outra corrente filosófica acredita que somente as leis naturais não seriam capazes de originar a vida com toda sua complexidade. Somente Deus poderia originar a vida como está descrito na Bíblia. Esta é a corrente criacionista, mas existem entre as duas várias correntes intermediárias. Uma corrente filosófica bastante defendida por cientistas e igrejas é o chamado evolucionismo teísta que procura harmonizar a fé na Bíblia com o evolucionismo, ou seja, Deus criando através da evolução.


Por que é importante a realização de um evento para discussão dessas teorias em Salvador?
W.S: É preciso aprofundar mais o debate sobre as origens e mostrar para a sociedade que ainda existem muitas questões que permanecem sem resposta nesta área. Infelizmente a mídia apresenta apenas um modelo como sendo verdadeiro...

Por que cristãos que têm uma vivência acadêmica e científica devem participar desses debates?
W.S: Muitas pessoas acreditam que ciência e religião não combinam. Que os cientistas são evolucionistas e que para eles a Bíblia é um livro ultrapassado. Na verdade existe um grande grupo de cientistas que crêem em um Deus pessoal e oram para este Deus. Este evento, portanto, ajudará a mostrar que os cientistas podem harmonizar sua fé em Deus como Criador e a ciência.


É possível falar em evidências científicas que validem o criacionismo?
W.S: Sim. É possível. Recentemente muitos cientistas tem chamado a atenção para as constantes físicas que apontam para um universo planejado além da falta de uma explicação satisfatória para a origem da vida por processos puramente naturais.


E sobre o suposto declínio da teoria do evolucionismo...
W.S: A teoria da evolução é aceita pela maioria dos cientistas principalmente na Biologia e Geologia. Eu diria que o que está sendo questionado pela comunidade científica é a seleção natural como sendo o principal mecanismo para explicar a evolução. Este questionamento não chega para a comunidade leiga pois a mídia não mostra os problemas da evolução.


Há um crescimento do "design inteligente" entre os acadêmicos?
W.S: Sim está tendo um crescimento. Muitos evolucionistas criticam o Design Inteligente como sendo o criacionismo com uma nova roupagem científica. Mas existem muitos acadêmicos que fazem parte deste movimento e muitos outros que apóiam de forma velada por causa do "Establishment" Científico Evolucionista.


O senhor é a favor do ensino do criacionismo nas escolas?
W.S: Sim, mas deve ser feito com cuidado pois a maioria dos professores não está preparada para ensinar o criacionismo. Acredito que as instituições públicas e confessionais precisam preparar os seus professores para trabalhar este assunto de forma crítica sem pender para um dos lados e deixar que os alunos façam a sua opção. Tive a oportundade de participar de encontros de capacitação para professores do ensino médio em Brasilia promovidos pela Sociedade Criacionista Brasileira...


...E como o senhor faz?
W.S: Eu procuro apresentar aos alunos alguns questionamentos à teoria evolucionista que a maioria dos livros omitem, mas procuro deixar claro que tanto o criacionismo quanto o evoluconismo dependem da fé para sua aceitação pois ambas as correntes têm seus pontos fortes e fracos.


O senhor vê preconceito em relação ao criacionismo?
W.S: Eu percebo que a maioria dos artigos e reportagens veiculados pela mídia são muito tendenciosos e procuram sempre enfatizar o conflito dizendo que a fé é contrária à ciência. Como criacionista, eu acredito que a fé na Palavra de Deus e a ciência podem coexistir perfeitamente na mente do pesquisador.
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